O homem e a Cadelinha
Um velho homem vagabundado seguia pelas estradas da vila de São João
Sem destino, chorando de angústia e de sofrimento.
Uma senhora que por ali passava, pergunta, ao homem porque que está a chorar: _ Senhor, sente-se mal, quer ajuda?
E ele respondeu: _ Ai minha senhora, tenho uma dor tão grande no meu coração e uma grande mágoa.
_ Então diga lá o que a aconteceu. Falar faz bem! - disse a senhora ao velhinho que por ali passava lentamente.
_ Minha casa ardeu. Alguns dos meus haveres também e minha esposa morreu carbonizada. (E o homem continuou a falar)
E agora estou sozinho neste mundo. Tenho um filho mas ele tem as sua vida, nem pode tomar conta de mim, não tem tempo para me ouvir e nem posso encostar o ombro e chorar para acalmar a minha Alma…
_ Olhe meu senhor! Não fique assim! A vida continua e o senhor tem que pensar positivo.
_ Tem razão! Diz o velhinho com a voz tremula. _ Mas eu sou mesmo assim.
Gostava de ter um cãozinho para não ficar tão sozinho. Mas os cachorrinhos são tão caros!?
A senhora responde: _ Pense positivo! Tudo se consegue na vida. É só ter fé e lutarmos por aquilo que mais queremos, e tudo acontece! Às vezes sem esperarmos.
A senhora foi para casa pensando na história da vida daquele velhote e falou com o marido, sobre o velhinho. A certa altura disse ao marido:
_ Ó Francisco, nós temos dois cães caniches e se fores de acordo oferecemos a nossa cadelinha àquele senhor, pois ele está desesperado e a cadelinha sempre lhe ía fazer companhia e distraía-o um pouco a sua mágoa.
O marido concordou e disse: _ Seja feita a tua vontade!
Quando a mulher falou com velho senhor, ele recusou a cadelinha, visto já estar inscrito num lar e a sua entrada estaria para breve.
Uns dias depois, aquele homem retornou, mas agora acompanhado pelo filho. Depois das apresentações o velho homem disse à dona da casa:
_ Olhe minha senhora, afinal mudei de ideia e vinha pedir-lhe, se ainda não mudou de ideias, vinha pedir-lhe a cadelinha!
A dona da casa, olhou aquele homem e pensou: O que será que mudou na vida deste homem para que ele tivesse regressado e viesse pedir-lhe a cadela. Contudo respondeu-lhe:
_ Está bem! Leve lá a cadelinha, mas se o senhor um dia não a quiser, por favor não abandone! Tenha ela a idade que ela tiver, traga-a de volta pois nós não ficaremos zangados, pelo o contrário, ficaremos imensamente agradecidos por tê-la de volta.
O senhor, todo contente, levou a cadelinha.
Pensávamos que tínhamos ali um amigo, que nos iria procurar mais vezes para o ajudarmos a tirar a suas mágoas, mas afinal o velho senhor evita-nos e não quer nada connosco.
Antes passava pela a estrada principal onde morava o casal e agora, vai dar uma volta pela estrada nacional, bastante perigosa porque tem muito movimento, muito trânsito e nem sequer existem passeios para os peões.
Uma pessoa tenta ajudar e no fim as pessoas são ingratas e antipáticas. Até nos leva a pensar “que mal fizemos a Deus para nos tratarem assim!”
As vezes desprezamos as pessoas que conhecemos e que nos ajudaram, muitas vezes por causa da sua imagem ou dos seus defeitos e afastamo-nos. Na verdade somos iguais ou tão piores do que elas.
Desconsideramos essas mesmas pessoas e elas precisam apenas de alguém que as compreenda. Que as compreendam, não por o que elas poderiam fazer, mas pelo que são realidade .
O que conta, não é o que elas são por fora, o seu visual, mas sim o que elas são por dentro.
Você não é um ser humano tendo uma experiência espiritual. Você é um ser espiritual porque tem uma experiência humana."
" Para que o mal triunfe só é necessário que os homens bons não façam nada."